quarta-feira, março 29, 2006

A mùsica portuguesa no seu lado mais erudito e privado.

Um grande bem haja para todos.
Foi no outro dia que fui presenteado na minha caixa de correio virtual com este verdadeiro hino ao amor, da autoria de um grande artista português, responsável pelo surgir de canções de tão simples linguagem que seriam capazes de fazer inveja a qualquer Ary dos Santos. O seu autor não podia ser outro senão o grande José Cid.
A pouco e pouco (José Cid - 1979)

Vá lá, são sete e meia, amor, e tens que ir trabalhar.
Acordas-me com um beijo e um sorriso no olhar.
E levantas-me da cama, depois tiras-me o pijama,
Faço a barba e dá na rádio o Zé Cid a cantar.
Apanho um autocarro, vou a pensar em ti
que levas os miúdos ao jardim infantil.
Chego à repartição, dou um beijo no escrivão
E nem toco a secretária que é tão boa.
A pouco e pouco se constrói um grande amor,
De coisas tão pequenas e banais,
Basta um sorriso, um simples olhar
Um modo de amar a dois.
Um modo de amar a dois.
E às 5 e meia em ponto, telefonas-me a dizer.
Não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer.
Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito.
Quando chego p’ra jantar, quase nem acredito.
Vestiste-te de branco, uma flor nos cabelos
Os miúdos na cama e acendeste a fogueira.
Vou ficar a vida inteira a viver dessa maneira,
Eu e tu, e tu e eu, e tu e eu e tu.
A pouco e pouco se constrói um grande amor,
De coisas tão pequenas e banais,
Basta um sorriso, um simples olhar
Um modo de amar a dois.
Um modo de amar a dois.
Creio que não será novidade para a maior parte de vós, visto que fez parte de um programa de rádio de Nuno Markl, na qual a nobre canção e autor foram homenageados. Concerteza, uma canção para ficar na história da música portuguesa.
Mais uma vez, despeço-me com amizade,
Engº Sousa Veloso

segunda-feira, março 27, 2006

A Linha em Película

Durante a semana passada tive a oportunidade trabalhar com filme em película Super 8.

É fácil saber do que se trata... aqueles vídeos caseiros, antigos, de crianças a brincar no jardim e na piscina. Com uma imagem semi-intermitente, característica de um projector, em que essas crianças de balde na mão corriam um pouco mais rápido que o habitual. Anos 60/70...

Actualmente, já ninguém faz filmes caseiros Super8. Faz-se em miniDV e afins. Mas era película. Que tinha de ser revelada. O filme era entregue para revelação, tal como na fotografia convencional, e recebia-se uma bobine para projectar. O formato mantém-se a nível experimental e profissional, como suporte económico e mítico de película.

Filmar, revelar, projectar... Foi fantástico trabalhar com película.

Houve ainda a oportunidade de ver a projecção de filmes do Festival Super 8 de 2005. Convido-vos a fazer o download do vídeo vencedor. Há que embrenhar-se no mesmo enquanto se o vê.

Quem gostou, compreendeu, e não achou giro, por favor aproveite e assine.


O Vosso,
Eládio


quarta-feira, março 22, 2006

Já é dia 22?


O Dia Mundial da Poesia existe também para recordar a todos que, na região mais saloia de Sintra, existe Gouveia, a Aldeia-em-Verso.


Pelos caminhos de Portugal anda O Vosso,
Eládio

domingo, março 19, 2006

'La Noche Del Terror Ciego'

Há poucos dias foi-me parar, à frente da vista e às mãos, um filme de terror intitulado "La Noche Del Terror Ciego". Daqueles filmes de terror bastante duvidoso, que só nos provocam sorrisos e a que é impossível assistir em silêncio e sem comentar tudo o que de mau vai aparecendo.
O título é em espanhol... claro que já tinham reparado, mas o mais interessante e fantástico é que esse filme foi rodado em Portugal. E, melhor ainda, foi uma co-produção nuestro-hermânica/portuguesa. E, ainda melhor, foi filmado em 1971. Sim, antes do 25 de Abril (o de 1974)!

Não tenhamos ilusões. Nunca o nosso Marcelo Caetano ou a sua Censura o permitiriam. Então anda-se a rodar um filme na região de Lisboa e Vale do Tejo, em que cavaleiros templários se levantam das sagradas campas e perseguem meninas...?! E, para além do mais, essas meninas nem são virginais e inocentes? Pois não... o filme possui inclusivamente um flashback em que as protagonistas recordam cenas de relações lesbianas aquando a adolescência passada num colégio interno! Agora, sim, toda a gente quer ver isto!

Mas voltemos ao mais mundanamente comentável do filme: a rodagem, camuflada, de um filme proibido no decorrer da ditadura portuguesa pré-1974. A Censura, ou a PIDE/DGS, são frequentemente apontadas como implacáveis, mas apenas quando se conseguia descobrir algo ou acusar o que era por demais evidente. De resto, não se podia dizer o que se queria, mas conseguia-se fazê-lo passar... por palavras semelhantes, disfarçado por eufenismos; enfim, era um jogo do gato e do rato em que o primeiro era gordo, corria devagar e estava dotado de uma sagacidade deveras duvidável. Felizmente.

Não penso que tenha sido o objectivo do autor e realizador Amando de Ossorio fazer uma qualquer crítica ou provocar uma reflexão relativamente à sociedade portuguesa e à sua situação. Teve que andar pela sombra, é verdade, mas não terá passado disso. O que ele queria era fazer um filme de terror com um toque ligeiramente picante, e fazer as meninas (as da plateia) corar e depois fazê-las saltar na cadeira. Tê-lo-á conseguido, talvez, mas mediocramente.

Mas o que ele conseguiu realmente, sem o saber, foi criar uma bela duma analogia com a situação nacional contemporânea. Então "La Noche Del Terror Ciego"...?! Se pensarmos no período da ditadura como um período de trevas, de escuridão, de Noite; na frente de ataque personalizada pela DGS, que instituía, ou tentatava instituír, um ambiente de Terror àqueles que afrontavam o regime. Mas, finalmente, era por vezes um Terror Cego. Tal como no filme, em que os Cavaleiros Templários (que nada viam) só conseguem apanhar as meninas porque estas não param de gritar. Bastava fazer pouco barulho para escapar-lhes. Está tudo dito, não? Talvez ainda se possa referir que esse Terror é protagonizado por seres totalmente fora-de-prazo...

Genial, Sr. Ossorio! Já tinha reparado?


O Vosso,
Eládio

domingo, março 12, 2006

A febre do Mundial 2006


Um grande bem haja para todos.

Num dia como outro qualquer em que passa pela rotina uma paragem numa estação de serviço da CREL, eis que, chegado ao local de alívio, me deparo com a seguinte situação:

Não habituado à pressão que um profissional arrecada para marcar um penalty, iniciei um curto período de concentração de forma a não me deixar influenciar pelas condições adversas que me rodeavam.

Num ápice, demonstrei aos presentes a minha nova vocação, naquilo a que se pode carinhosamente chamar "dar o litro".

No final do encontro reconheço que o meu alívio era demasiado evidente por ter corrido tão bem, e na conferência de imprensa acabei por ainda criticar os erros cometidos pelo árbitro (que se encontrava ao serviço numa das portas do lado), que por pouco não permitia o dilúvio de golos com que o adversário foi presenteado.

Despeço-me com amizade,

1ª Edição dos Prémios Ocasionais Loreak Mendian


1ª Edição dos Prémios Ocasionais Loreak Mendian

E os premiados são...:

Prémio Cinema · Realizador Fernando Fragata, com 'Sorte Nula'
Fernando Fragata:
"Um bom filme é aquele que parece ter sido realizado com mais meios do que com aqueles com que realmente o foi."



Prémio Música · Three 6 Mafia, com 'It's Hard Out Here For a Pimp'
Juicy J: "É complicado ser um Chulo por estas bandas. Thank God Jesus Christ."

Prémio Literatura · Clara Pinto Correia, com 'A Minha Alma Está Parva'
Clara Pinto Correia: "O Den Brouwn também pelageia!"



Prémio Economia · Paulo de Azevedo
Paulo de Azevedo: "OPÁ, eu subi a pulso!"




Prémio Medicina · Pedro Manuel Torres
Mantorras: "Deixem treinar o Mantorras!"




Prémio País · Congo Belga
O Rei do Congo Belga: "Nós já não somos isso!"





Prémio Fashion · Carnaval de Torres-Vedras
População: "Olhe que nós somos muito homens!"




Prémio ao Soldado Desconhecido · Soldado Desconhecido
Soldado Desconhecido: "Sou eu!, Sou eu!"



Prémio Carreira · 50, Algés-Oriente
Scania: "Vruuumm... "




Prémio Militar · Atum General
General: "Brluup..."


Grande Prémio · Do Mónaco
Alberto: "Je t'Aime, Moi Non Plus"




Premiozinho · Pequeno Saúl
Saúl Ricardo: "Foda-se!, Eu já sou crescido."



Prémio Bom Português · 'Ó Estrela!, Queres Cometa?!'



Último Prémio · Mário Soares
Mário Soares: "Ainda hão-de levar comigo..."





- Júri -

Dan Brown
Eládio Clímaco
Maria José Nogueira Pinto · Correspondente em Wegorzewo
José Pacheco Pereira
Serenella Andrade · Correspondente em Hertfordshire
Manuela Ferreira Leite
Carvalho da Silva


quinta-feira, março 02, 2006

Revoluções

Em viagem pela Linha do Douro, deparei-me com esta placa, erigida na Estação da Régua.

É possível uma opinião sobre o dizer da mesma? Atente-se na data de 1979. Como considerará este autarca do pós-revolução (não a ferroviária) que foi a dita (aqui sim, a ferroviária)?

Boa? Concerteza...
Lenta? Rápida? Residerará aí a base da comparação?
Ou será algo mais profundo? Penso que sim...
Estaria a referir outra Revolução, como a Industrial? Em 1979...? Talvez.
Poderemos entrar em discussões de política e políticas contemporâneas, ou tratar-se-á apenas de filosofia empreendedorista?

Pareceu-me interessante partilhar a dúvida. Talvez alguém tenha mais ideias. Desculpem se o texto é confuso; não o será mais que a enigmática placa.

O vosso,
Eládio